LENDA DE ALENQUER: " O MITO DO ACARÍ"
No tempo que os bichos falavam, estava o peixe acari a nadar calmamente pelo Rio Surubiú de Alenquer no estado do Pará.
Ele era um peixe com escamas brilhosas e brancas, com um brilho tão especial que, chegavam a chamá-lo de peixe prata.
Galanteador adorava exibir-se para os outros animais, muitos deles chegaram um dar queixas ao criador das arrogâncias que o peixe fazia.
A raia que sempre ficava encostada ao barro no fundo do Rio Amazonas, foi a primeira a queixar-se, pois o acari passava ao seu lado e com desprezo dizia:
- Pobre bicho, fica a comer barro. Toda suja não pode nem exibir suas pintas de sarna.
E saia dando risadas irônicas.
A outra queixa foi dada pelo camarão, o acari passava por ele e puxava suas barbas.
O tracajá, calmamente nadava pelo rio Surubiú, o acari vinha e lambava a calda em sua carapaça.
-Pobrezinho. Eu com escamas belas brancas e brilhantes como pérolas e este bicho com casco duro, preto e feio.
Eram as palavras do peixe.
Depois de tantas queixas dos animais ao criador, o acari foi chamado e levou umas broncas do escultor do mundo.
Que disse:
- IRACA" (que significa peixe bonito) “Você um peixe tão bonito, por que você fica ofendendo seus amigos, isso não pode acontecer!” foram as palavras criador. A partir de hoje você será observado pelo bem-te-vi, não quero ouvir nenhuma queixa sobre você, caso isso aconteça, tudo para você tornará ao contrário.
_Até seu nome mudará.
_ Agora vá, seja obediente e amigo de todos, não se esqueça do que te orientei.
_ Tome ainda, essa cumbuca, você não poderá abri-la de forma alguma. Como castigo fará essa missão:
-Pegue-a e leve-a até a casa do boto Juvenal, que, mora no Igarapé de Alenquer!
Com as barbatanas baixas, o Iraca saiu rio a fora, passou pelo Rio Gurupatuba (Monte Alegre), pelo Rio Tapajós (Santarém), lago grande (Curuá).
E resolveu descansar um pouco.
Neste momento encontrou uma cobra grande que disse:
_ Pobre bicho! Está cansado?
_ Sim, estou em uma missão.
_ Missão? mas que missão?
O peixe se explicou . E a traiçoeira cobra disse:
_ Mas você está levando esta cumbuca e nem sabe o que tem dentro? e se ela explode e queima suas escamas brilhantes, você ficará feio e será apelidado de todos os seres dos rios, será motivo de risadas.
A maldita saiu, mais deixou o IRACA, pensativo.
O peixe olhou para o lado direito, para o esquerdo e ao olhar para cima viu que estava sendo observado pelo bem-te-vi.
Então, ele foi para o fundo, e se escondeu na lama dos barrancos das terras caídas.
Lá onde o bem-te-vi não podia vê-lo.
No fundo do rio Amazonas, ele abriu a cumbuca.
E com um estouro, foi surpreendido com a fruta murici que estava presa na cumbuca. O ar preso levantou o Iraca com uma força tão grande que caiu ele caiu de costa cima do tracajá, e por suas castigo escamas brilhantes viraram casca preta. A polpa do muruci o lambuzou todo, por isso que ele tem hoje, umas pintas amareladas.
Nasceram barbas, por castigo de tratar mal o camarão.
Partes das sementes de muruci se espalharam dentro as matas, e onde foram caindo foram nascendo plantas do fruto do muricizeiro.
Até hoje o pobre peixe se esconde feito a raia, em meio ao barro no fundo dos rios, não quer que o vejam, tem vergonha do que fazia. Mas que passa sempre o chama.
ACARI ....! (O peixe cascudo) ... Outros o chamam até de Bodó porque vive sujo de barro.
(Flávio Monteles - março / 2007 - Alenquer-Pa)
2 comentários:
Que conto interessante. Estava com minha família no café da manhã e todos pararam para ouvir eu ler. Parabéns !
Poxa, que honra participar deste café em família, fico honrado. Grande abraço! e obrigado!
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