LENDA XIMANGA: A COBRA ACORRENTADA


LENDA DE ALENQUER-PA:
A COBRA ACORRENTADA






Ninguém sabe direito, só sabem que aconteceu, mas o que aconteceu ou só acontece em Alenquer?

Há mil novecentos e tantos avós, ou no tempo do pinico de cuia, o Igarapé de Alenquer era aterrorizado pela grande cobra coral, esta terrível fera era impiedosa, pescador jogava “tarrafa”, a peçonhenta puxava e engolia o pescador. “Malhadeiras” eram estraçalhadas, e no pequeno Surubiú, canoas e outras embarcações sumiram misteriosamente. Os moleques que por desobediência iam tomar banho a margem do rio, nunca mais voltavam.

Quem viu conta que ela era vermelha amarelada e tinha manchas pretas, seu olhar era como fogo e quando emergia das águas exalava um odor terrível de peixe, e de longe ouvia-se um chiado de um chocalho que ressoava um barulho como aviso. Quem pudesse correr a tempo, salvava-se; ao contrário, nunca mais era visto. A cobra coral só aparecia para fazer o mal e sentia-se rainha e dona do pequeno Surubiú, a maldita dormia num buraco sem fim localizado, onde hoje chamamos de GAPÓ, isso mesmo no bairro do Aningal, próximo às seringueiras.

Dizem que mesmo hoje moleque que toma banho lá e cai no buraco não volta mais.

As más línguas falam que a maldita era uma velha má que morava ainda na vila Alenquer e todos os dias lavava roupas à margem do lago, ela era gananciosa, não gostava que outras lavadeiras usassem também a água, moleques hum! Se tomassem banho e ela visse, coitados, pegavam ralhos aos gritos, carreiras e puxões de orelha.

Certo dia, como outros, lá estava ela falando alto e ralhando com o pescador, as águas do lago alcançavam os joelhos da miserável, veio o Peixe Poraquê e deu em cheio um baita choque nela. Deste dia em diante ela nunca mais foi vista, já disseram que foi a mãe d’água que a aprisionou no fundo do lago para pagar suas maldades e a transformou em uma imensa cobra.

Isso foi dito por Mãe Mundinha, uma senhora curandeira que na sua infância pôde conhecer as maldades da velha.

Já adulta, Mãe Mundinha estava cansada de ver contínuos ataques da cruel cobra coral. E então resolveu preparar remédio para encerrar aquelas maldades.

Mãe Mundinha foi para beira do lago, acendeu vela e fez fumaça até a escamosa aparecer, foi difícil, a batalha foi grande, mas Mãe Mundinha adormeceu a fera, em seguida colocou a peçonhenta em uma corrente de ferro imensa e a amarrou no “Perau da Fazendinha”, na parte bem funda do rio.

Deste dia em diante, o Rio Surubiú ficou pacato, porém, sempre nas noites de pescaria, ouve-se esfregar em baixo da canoa, é a corrente da maldita que quer virar a embarcação.

Mãe Mundinha deixou bem claro, se arrebentar a corrente as águas da enchente engolem para sempre à parte do bairro da “Fazendinha” e a maldita volta a atacar. Mas para isso acontecer uuua!!!, Está muito difícil, o serviço foi bem feito, foi bem amarrado e até hoje as águas do surubiú aparentemente são calmas, não podem agitar-se, por causa do peso da corrente que atravessa as águas do lago, mas é no fundo, próximo onde hoje chamam de “Bosque”, é que mora o perigo!





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