SER XIMANGO É SER CORAJOSO/ AUDACIOSO





CONTO: SER XIMANGO É SER CORAJOSO

Há muito tempo, quando Alenquer ainda um “povoado”, os ribeirinhos já festejavam com grande fervor a festa do milagroso Santo Antônio.

Não tinha largo, nem tinha clipper da festa, era capela, quadrilha e santo Antônio, mesa com bolo de macaxeira, tacacá, pamonha, mingau de milho, tarubá, pipoca, milho verde cozido e assado. Não tinham lâmpadas, só lamparinas, bandeirolas, pau-de-sebo, quebra pote, pata cega e argolinha.

No lugar da bela e grandessíssima Matriz estava a capela de palha; no lugar do coreto, chafariz e modernos bancos estavam os troncos, pedras, folhas, galhos e raízes de imensas árvores como: castanheiras, mungubeiras, jatobazeiros, babaçus e outras. Cutia, onça pintada, tamanduá, arara azul, gavião real, garça, tucano, anta e outros hum! Eram brinquedos no arraial.

Na época as festividades já eram agitadíssimas, e em um dos dias da trezena, os organizadores da festa do padroeiro enfrentaram uma grande polêmica, juntamente com outros moradores devotos de Santo Antônio, que queriam homenagear o milagroso Santo com um balão de papel, mas... Infelizmente os galhos de uma imensa castanheira atrapalhavam o colorido balão subir, logo começou a discussão e era mais quem dava opinião para resolver a situação, afinal o imenso balão de papel era a principal atração da noite na época, não podia nada dar errado. Após algum tempo, resolveram derrubar a pobre castanheira, uns pegaram machados, outros pegaram corda, outros terçados e os gritos eram numa só voz:

– “DERRUBA, DERRUBA, DEIXA O BALÃO SUBIR”!

Mas de repente, da aglomeração surgiu um nativo, que fez o povo silenciar, ele enfrentou todos para que a árvore continuasse firme, inclusive os que estavam armados com machados.

E com facilidade o homem subiu num instante na árvore, puxou galhos, balançou as folhas e ajudou a encher o balão com ar quente de uma fogueira. E o balão foi subindo, subindo e o céu ficou lindo com um foco luminoso que demorou a desaparecer.

Logo, por imensa coragem e bravura e audácia apelidaram o caboclo alenquerense de Ximango.

(Flávio Monteles – Alenquer Pa)


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