A temida Sucurí, é um dos bichos mais perigosos da Amazônia, ela está em toda parte, principalmente em áreas alagadiças ou de várzea.
Nos locais de enchente, onde a terrível fera adora ficar para atacar suas presas, são inúmeros os fatos do ataque da boiuna.
Como é comum em nossa região as mulheres lavarem roupas nas estreitas e compridas pontes que seguem até parte do rio. Sentam-se com os pés para fora e se distraem-se conversando, ralhando com os curumins ou cantando a vida.
Quando a miserável cobra em seu habitar está com fome não conta conversa, chega de mansinho e lisa, ligeira escorrega sobre o rio.
Sem dar tempo para as suas vítimas, o ataque é certeiro.
Pula em cheio na presa, que segue algumas vezes uma luta com o animal, que aos poucos vai enrolando sua longa calda de metros no corpo da vítima e quando está totalmente enrolada vai quebrando os ossos de sua presa de uma só vez.
Dentro do rio, onde a bicha tem domínio e mais força, é bem mais fácil matar suas vítimas, que muitas vezes morrem afogadas e sem tempo para defesa.
A curuminzada é sempre bem avisada, para não tomarem banho às margens do rio, todo cuidado é pouco.
Cachorros, veados, bubalinos e bovinos ao atravessarem rios muitas vezes servem de alimento na certa para a cruel serpente.
As pobres patas que enfeitam o rio Amazonas, são engolidas com seus doze filhotes só de uma abocanhada.
Certo pescador, atentamente pescava com seu filho de dez anos de idade.
A pescaria silenciosa, não mostrava sinal de perigo.
Como pescavam próximo a certo aningal, vegetação traiçoeira que abriga os animais mais terríveis e violentos do lago.
Somente o canto da coruja e da piaçoca mostrava o perigo que o pescador e seu filho passariam naquela noite de terror.
Todo cuidado é pouco, pois, na hora de remar, pode vir o jacaré tinga e nhaaco! Arrancar o braço do pescador e com sua brusca força pode até matar o mesmo. Jacaré com fome é muito perigoso, ataca mesmo.
E naquela noite de pescaria quem veio mesmo foi ela a temível sucuri, com seus quatro metros e pouco arrancou em um puxão o pescador quando ele jogou distraidamente sua tarrafa .
Não houve tempo nem para gritar!
Seu filho apavorado não sabia o que fazer. Pobre criança em defesa, nunca havia visto tamanha criatura.
Só seu fungado parecido com boi novilho embaixo da água só podia ver o pai se debater na luta com a cruel anaconda.
As vitórias régias foram estraçalhadas na luta, no escuro o homem não abriu mão de lutar.
A água, calmamente fazia uma onda leve que levava para longe o chapéu de palha que o pai do garoto usava na cabeça.
Era a única lembrança que o moleque, via do pai.
E num choro silencioso, queria pular para salvá-lo, principalmente no momento em que seu pai conseguiu levantar os braços, e com o foco de uma pequena lanterna, o menino viu dentro d’água o semblante de seu pai, que sumiu para o fundo.
Bom, pescador não sai para pescar sem lanterna e terçado. O menino apavorado olhou para o lugar onde seu pai estava e no fundo da canoa pode ver alguns peixes: pacús, pescadas, aruanãs e tucunarés que brilhavam constantemente.
Mas junto, daquele brilho de peixe que estava dentro da canoa tinha um outro animal, que fazia peso na canoa, deixando até o menino que estava do outro lado para o alto com a canoa inclinada.
Com muita coragem o pequeno curumim foi ver de perto, e com a canoa a ponto de afundar, foi chegando próximo a proa e viu que o peso era de uma parte talvez do meio da serpente que atravessava a pequena barca. Sem piedade o menino pegou o terçado que estava a ponto de cortar um fiapo de cabelo na sua forma comprida em três bandas. Sem pensar deu-lhe uma tremenda fatiada de certeira, e mais outras cortadas, com a dor, o animal saiu desesperado.
Mas o cenário voltou ao seu silêncio, somente os sapos coaxavam, o menino voltava a chorar não tinha mais seu pai, possivelmente estava no estomago da bicha ou estava afogado com os ossos quebrados no fundo do rio.
Uma mancha de sangue se espalhava e aos poucos sumia ao se misturar com a água do rio.
O menino muito triste saiu remando devagar, e no meio as raízes das
plantas aquáticas do aningal, viu aquele homem abatido. Muito machucado, era
seu pai. Que milagre! No desespero a serpente o largou um pouco distante de
onde ocorria a cena de terror. O menino de imediato encostou a canoa e salvou o
seu pai que apesar de muitos ferimentos, está vivo para contar a terrível
estória.
2 comentários:
essa historia e incrivel
Unknown, que bom que você gostou! grande abraço.
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