LENDA: A MAMADORA
Certo casal que morava próximo, a comunidade de “Escondido”, na zona rural de Alenquer-Pa, tinha um bebê. E todas as noites a mãe se deitava na rede junto com a criança, a matriarca cansada logo dormia e a criança continuava a mamar sem cessar. Quem passava perto da casa, ouvia bem:
- choc, choc, choc
E comentavam em voz baixa:
-O nenê continua mamando!
-Será?
-Está sim!
-Você não houve? A zoada da boca dele no peito da mãe?
Como todos os dias o casal saia para a roça, levantavam cedo e levavam a criança que ficava deitada em uma rede embaixo das árvores.
O marido sempre reclamava, pois, a esposa sempre estava cansada e sonolenta. Tanto a criança quanto à mãe estavam magros feitos um moquém.
Os vizinhos comentavam:
- Meu Deus, o que essa mulher tem?
-E esse neném que passa a noite mamando e está magro como um palito.
Certa noite, o pai preocupado com a situação, não conseguia dormir. Calado ouvia sempre o nenê mamar:
- Choc, choc, choc.
A mulher, coitada estava adormecida, o homem resolveu levantar-se para ver como o menino mamava a noite inteira e era sempre magro.
Levantou-se de sua rede, somente com a luz de uma lamparina, seguiu descalço, passo a passo e para sua surpresa e susto, deparou-se com uma imensa cobra com escamas negras e brilhantes, que estava “escondida” entre os cobertores e a rede, fazia companhia para sua esposa e seu filho.
O pobre senhor não sabia o que fazer, tinha medo de assustar o bicho e de uma abocanhada só a fera engolir os dois, pois ela tinha porte para isso e muito mais.
Pensava em gritar para os vizinhos em busca de socorro, depois em dar um puxão na peçonhenta ou matá-la. Mas tinha medo de machucar a esposa e a criança.
Amarrou a lamparina em uma corda ao esteio da casa apanhou seu terçado amoladíssimo de dois gomos e saiu decidido, pediu proteção divina e disse:
-Seja o que Deus quiser! O que não posso é deixar essa praga comer meu filho e minha mulher!
Mas, para sua surpresa ficou pasmo, o homem descobriu, que quem passava a noite mamando era à cobra, enquanto isso para a criança não chorar colocava a ponta de sua calda na boca do bebê, que passava a noite satisfeito.
Sua raiva foi tanta, que de um puxão violento, mais só arrancou parte da peçonhenta para fora da rede, a fera era pesada e enorme que nem sentiu a força do pobre.
Na parte que estava para fora da rede o homem deu-lhe uma forte terçadada, e o estouro como uma bomba foi certo, parecia que havia estourado algo quando a bicha levantou-se levou o telhado de palha com tudo, a parte da calda que restou espatifou-se no chão o estrondo foi maior ainda. Havia leite espalhado por toda a casa.
Toda a vizinhança acordou rapidamente quem chegava ajudava com cacetadas na parte da fera que ficou se mexendo sem parar.
Daí em diante, não houve mais cobra escondida tomando leite. O que restou dela virou picadinho, tem gente que já viu ela pela redondeza, e comentam dela ter recuperado por metamorfose a parte que lhe foi cortada.
-Será?
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