MILAGRE DE SANTO ANTONIO DE ALENQUER

CONTO:
MILAGRE DE SANTO ANTONIO DE ALENQUER-PA


Quem vai a Alenquer, se encanta com o povo hospitaleiro e “quem come o seu acari não quer mais dali sair”, quem faz amizade logo adota a cidade. Vamos conhecer a história de uma alenquerense da gema.

Até meados da década de 50, morava na “Ilha do Carmo” (localidade de várzea Alenquer), a família “Oliveira Pinto”.

Seu Olinto Pinto, patriarca da família, era agricultor, pescador e fazendeiro. D.Maria Caetano, matriarca, ajudava na roça, costurava, lavava, enchia água na bilha, cozinhava e cuidava das crianças.

Tiveram 09 filhos: Julieta(+), Belarmino(+), José(+), Mario(+), Maurila, Raimunda(Didi), Francisco, Ana e Antonio(Zinho).

Todos os anos no período do inverno era aquele “reboliço”, e faz maromba, faz “girau” para os bichos ficarem, e os ralhos da matriarca não eram poucos:

- Não tomem banho no rio!

- Cuidado com arraia!

- Cuidado com cobra!

 Era terrível.

Ir à cidade era milagre, festa de Santo Antônio, hum... só na imaginação, ninguém ia.

_“São pequenos!”

_“No próximo ano!”

 Eram as palavras do Pai.

A parir do dia 10 de junho (aniversário de Alenquer), o pessoal passava perto do barranco e gritava:

_VAMOS PASSAR A FESTA DE SANTO ANTONIO!!!,


E os barcos já passavam enfeitados com flores e bandeirolas pela frente da ilha, pistolas eram convites distantes e atraentes que ouviam. Em um desses anos uma das filhas (MAURILA) estava pensativa, quando se ouviu o estrondo de pistolas e o povo a gritar:


_VAMO PASSAR A FESTA!!!

 

Neste instante ela proclamou em voz baixa:


“_Ô meu glorioso Santo Antonio, fazei que um dia a gente vá passar a sua festa, fazei que eu case com um homem da cidade e possa ficar morando perto de sua igreja, para que todos os dias de arraial eu possa estar lá!”


Em seguida, após alguns meses o Sr. Olinto resolveu que a família se mudaria para comunidade “Juruparipucú”, onde já ficava mais próximo da zona urbana.

Em 1949, houve uma enchente do Rio Amazonas, bastante elevada, as águas cobriram todo pedaço de terra de “Juruparipucú”.

Como foi triste!... o gado morto ficava boiando e era levado pelas águas, os cachorros, galinhas, patos, porcos, gatos, picotes, não aguentaram ficar por muito tempo no girau, queriam espaço para sobreviver, as plantas morreram encharcadas, o espaço dentro da casa era pouco.

Seu Olinto com a esposa, muito triste, resolveu mudar-se para a cidade de Alenquer, e foram morar na Trav. Dr. Lauro Sodré, bairro do Aningal, protegido por São Sebastião.

“EI?, mas o contrato de Maurila não era com São Sebastião padroeiro do bairro do Aningal e sim com Santo Antônio o Santo casamenteiro e padroeiro da cidade?”

Calma..., dias após, Maurila foi arranjar trabalho na cidade, e trabalhava como garçonete em um restaurante, onde hoje está instalada a loja Esplanada, e foi lá que a mesma foi atender quem viria ser seu futuro marido. Após se casarem, o casal foi morar bem perto da Matriz do Padroeiro Ximango, só ela sabia... Eita, santinho bom! (Até hoje Maurila mora a poucos metros da igreja do santinho casamenteiro e todos os anos festeja com alegria a festa do padroeiro da cidade)



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