LENDA DE ALENQUER: A PONTE DO GAPÓ
Antigamente no bairro do Aningal em Alenquer- PA, seguindo até o bairro de Santa Cruz mais conhecido popularmente por Fazendinha, havia uma estreita ponte em madeira com oitenta centímetros de largura e uns trezentos e poucos metros de comprimento.
Esta ponte facilitava o acesso entre os bairros. No período das cheias dos rios a pequena ponte desaparecia e o acesso só era feito através de botes ou canoas. Muitos moradores acreditavam que a ponte era encantada, pois ainda hoje mesmo tendo aterro no lugar é muito comum ouvir diversificados fatos estranhos ocorridos no lugar. Quem ali passava tinha o ritual de benzer-se e pedir licença ao espírito protetor do estreito córrego, que ainda nos dias atuais durante o inverno cobre e alimenta a vegetação de aninga do lugar. A sensação de estar sendo observado por alguém invisível, é o principal pressentimento que vem logo acompanhado por um rápido arrepio dos pés a cabeça.
O lugar é silencioso, sombrio, e comum é escultar um fino canto de pássaros que se aninham entre os galhos.
As cobras pequenas ficam enroladas entre plantas rasteiras e aquáticas, que com os saltos dos passos de quem caminha vem logo a sensação de que algo estranho pode acontecer a qualquer momento, o pressentimento é de estarmos vigiados.
Comum é ver o balançar das águas com movimentos rápidos da Sucurí ou Sucurijú (a cobra grande da Amazônia) que está por ali somente com o focinho e os olhos vermelhos para fora d’água. Bicho que de vez em quando emite um "chiado" comparado a uma mistura de um esturro de uma onça com bufar de um boi novilho e espirra água na vegetação que cobre o sombroso lago que se forma na redondeza.
A cigarra no topo das árvores dá as boas-vindas a quem passa e, é a primeira a cantar quando o peixe poraquê estremece com uma chicotada até na sombra das árvores.
O perigo ali é constante o habitar é de seres selvagens e perniciosos.
Mas, espírito protetor chamado de “mãe do lugar” está sempre silencioso e observa calmamente quem ali passa.
Gente ruim ela conhece de longe e não deixa passar. Quando existia a velha ponte de madeira o espírito protetor colocava animais peçonhentos no caminho e fazia as pessoas imaginarem que a ponte estava quebrada, tudo de "ruindade".
Bêbados, quando passavam na ponte não caia, o espírito ajudava passar.
No passado, há casos de gente que levou tapas na cara, na nuca, no pé do pescoço. Outros que pegaram lambadas nas pernas, chicotada de galho nas costas, além do susto e a queda na água fria que era inevitável.
Os fatos aconteciam geralmente à noite, quando tudo está mais silêncio, hoje o mais comum é ouvir as gargalhadas da mãe d’água.
Mesmo nos dias atuais quem passa pelo aterro onde ficava a pontezinha e não pede permissão, cai na água, cuidado quando você passar por lá.
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