LENDA XIMANGA: " A BOIUNA DO RIO CURUÁ"


LENDA DE ALENQUER-PA:  " A BOIUNA DO RIO CURUÁ"




LENDA:  " A BOIUNA DO RIO CURUÁ"

A grande Boiuna se esconde no imenso e misterioso rio Curuá, situado no município de Alenquer-Pa.

No grande rio com sua cor café, possui inúmeros poços de extenso diâmetro e profundidade infinita.

Inúmeros pescadores, que tiveram a canoa sugada para o fundo nunca mais voltaram.

Os poços aparecem misteriosamente nos rios e mudam diariamente de lugar, segundo os pescadores da região, é a imensa boiuna macho que circula e cava buraco na areia do rio.

A boiuna, que circula o grande rio, é o encanto do bebê que foi colocado as margens do rio Curuá na época da escravidão.

A estória conta que o menino foi deixado, quando sua mãe fugia para o lugar onde estavam escondidos os seus companheiros, lugar este onde estava sendo formado hoje o “Mocambo Pacoval”.

Por sentir-se, amedrontada e perseguida, não pode atravessar o rio com a criança nos braços.

Pediu a oxalá para proteger a criança, fazendo com que ela se livrasse da morte e crescesse uma pessoa forte e sábia.

A fugitiva negra colocou a criança numa barca de babaçuzeiro, forrou as laterais com piaçava e soltou o bebê no rio.

Nadou até a outra margem, estava muito triste, por ter abandonado sua criança, mais sabia que pai oxalá o faria um grande homem.

Oxalá fez um redemoinho aparecer no meio do rio, o poço formado engoliu a criança que foi transformada em uma gigantesca cobra negra.

Assim, surgiu o rei das águas do rio Curuá.

Quando o poderoso protetor fica bravo rodeia dentro do rio dando milhares de voltas, fazendo aparecer inúmeros redemoinhos, as águas se agitam e com força levam casas, pontes, árvores, animais e pessoas que estão próximas a margem.

O povo do Mocambo onde a mãe da criança se refugiou, é protegido pela imensa boiuna, o povo da redondeza diz que ele sabe da sua origem. Sabe que pertence ao povo dos negros, mais para que sua gente tenha sucesso e sua comunidade seja beneficiada com pescado infinito e de toda qualidade, árvores carregadas de frutas a toda época do ano. O encanto precisa ser desfeito.

Um guerreiro corajoso e valente, precisa enfrentar o rio, seguir ao fundo, montar na imensa boiuna e quebrar uma barca de babaçuzeiro na cabeça da imensa cobra.

A boiuna, não deixa ninguém chegar perto e não sabe que o feitiço se desfaz desta maneira, não consegue entender a voz humana.

É preciso coragem, disposição e força, para quebrar o encanto. O guerreiro ganhará como prêmio o poder da vida eterna e passará a ser o ser mais confiável do grande rei das águas do Curuá.

O segredo do encanto foi desvendado em sonho pela própria mãe do garoto, minutos antes de sua morte.

Na época do Marambiré, a principal, divertida e rica festa dos negros do Pacoval, muitos afirmam que o bicho cobra festeja também no fundo do rio a alegria junto com seu povo.

Durante as festividades o bicho fica manso, se diverte quando os seus irmãos de sangue se banham nas águas do rio Curuá.

Enquanto isso, as águas do misterioso rio continuam a esconder muitos mistérios. E a imensa boiuna espera um corajoso guerreiro para desfazer o feitiço, e transformar o quilombo Pacoval.

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