LENDA XIMANGA: " VELA DE OSSOS"



LENDA DE ALENQUER:  " VELA DE OSSOS 


    No tempo que caju com leite fazia mal, aconteciam muitas coisas estranhas em Alenquer, e uma delas é essa que vamos conhecer:

    Que aqui mora um povo católico todo mundo sabe, e que também tem um povo diferente de muitos outros lugares deste gigantesco Brasil.

    Aqui ainda se faz confissão com o padre, leva-se água benta para casa pra jogar na hora que der trovão, coloca-se cruz feita de palha atrás da porta para abençoar quem entra e quem sai da residência, as casas se iluminam no dia de Nossa Sra. da Candeia, andam com os pés descalços nas procissões (principalmente no Círio de Santo Antonio), jogam folhas e flores cheirosas nas ruas e enfeitam as portas e janelas com tecidos brancos no momento da procissão do Corpo de Deus, rezam terço e fazem penitência na época da Semana Santa.

    Todo mundo sabe também que a histórica igreja matriz guarda muitos segredos, hum se guarda! dizem que, à meia-noite, os mortos costumam se encontrar nas igrejas! Você acredita? Mas é verdade! E não foram poucas as pessoas que passaram pela praça do padroeiro altas horas da noite e se depararam com vozes e cânticos vindos lá de dentro.

    Nas curtas e divertidas penitências pelas madrugadas, andávamos por poucas ruas da cidade, mas o tempo era o suficiente para rezarmos, cantarmos, fazermos amizades e até darmos risadas às escondidas, provocadas por aqueles engraçadinhos que sempre davam uma cutucada, mostrando quem veio com a roupa do lado contrário, sandália trocada, cabelo adormecido em alto relevo e etc.

    Aqui onde quase todo mundo se conhece nem que seja de vista, tudo e mais um pouco pode acontecer.

    Algum tempo atrás, quando não perdia uma só procissão de penitência, fizesse frio ou temporal, acordava cedo e no caminho até a igreja, os mais velhos que iam acompanhando a molecada, sempre diziam:

    _ Olhem levem vela de casa!

    _ Não vão aceitar vela de cemitério.

    O medo dos moleques era total, e ainda tinham as estórias de quando a penitência passava, muita gente confirmava que haviam ficado com vela benta, que deram na hora da procissão.

    Como até hoje acontece, é comum com o ressoar dos cânticos pelas madrugadas, sempre os mais idosos que muitas vezes não participam mais da caminhada, vão até a janela para se benzerem e apreciarem os fieis passando.

    Segundo as estórias contadas era nessa hora que recebiam a vela benta, quer dizer a vela do cemitério.

    A vela simples, branca, era dada por um peregrino comum, que dava bom dia! E seguia seu caminho. E então o dono da casa fechava a janela, guardava carinhosamente à vela e dormia novamente.

    E pela manhã... Quando pegava a vela para mostrar e contar aos familiares que a procissão estava bonita e iluminada, ela não era mais vela e nem tão pouco acendia, HAVIA VIRADO OSSO DE GENTE, mais parecia um dedo indicador ou até mesmo uma costela, sei lá...E o pânico na casa era inevitável, era um terrooooooorr!!!

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