LENDA DE ALENQUER-PA: "O TRONCO SAGRADO"
A imagem de Santo Antônio de
Alenquer foi encontrada por um pescador, que calmamente rodeava o pequeno rio
Surubiú.
O pescador, embrenhado as árvores que estavam submersas no período da
enchente dos rios da Amazônia, seguia seu destino, quando de repente olhou para
uma árvore que estava com grandes folhas robustas. Notou que ali havia algo
estranho, um esplendor entre os galhos brilhava como ouro. Aquela árvore era
diferente entre as demais.
Chegou próximo e pode perceber que ali estava a imagem de um santo que
carregava no colo o menino Deus.
De imediato levou a sagrada imagem aos padres Capuchos da Piedade, que
deram o nome de Antônio para imagem encontrada. E decidiram que Santo Antônio
seria o padroeiro do lugar que estava sendo descoberto e evangelizado.
Decidiram guardar a imagem em outro lugar, subiam e desciam o rio
levando a imagem.
Observaram que quando seguiam para muito longe com a imagem logo eram
afetados por doenças, praga e fome.
Ao voltarem para o lugar que seria batizado por Alenquer, justamente
onde a imagem foi encontrada, tudo se tornava farto.
Ao chegar à estiagem, os populares decidiram que construiriam uma capela
para o Santo onde ele foi encontrado. Cortaram a árvore e fizeram um altar em
cima do tronco que restou da bela árvore e cobriram-no com palha. O tronco
apesar de ser o resto de uma árvore, sempre parecia vivo, seu verde brilhava
como antes.
O vilarejo cresceu, o povo aumentou, decidiram que construiriam uma casa
melhor para o padroeiro da cidade.
Com palhas novas, o altar mais trabalhado com enviaras tecidas,
terminaram a obra.
Após algum tempo, por um acidente inevitável o altarzinho pegou fogo,
uma parte da imagem foi queimada.
Os Capuchos decidiram que a imagem seria levada para uma reforma rápida.
Durante este tempo, muita fome, doença, tristeza, rodeava a pequena
vila. Decidiram que iriam buscar a imagem de volta. Pois tudo o que se passava
era devido à saída da imagenzinha.
O povo aguardava ansioso o retorno. Mas, para a surpresa notaram que
algo estava diferente, a imagem estava com uma face triste.
As pessoas tinham milhares de perguntas e nenhuma resposta. Mais o que
aconteceu? Ao colocarem a Imagem de volta ao tronco, que estava rodeado e
refeito com novas palhas trançadas, notaram que o tronco estava morto. A imagem
parecia sofrer junto! O rio estava longe, já era tarde, não tinham como animar
o tronco.
Até a construção da grandessíssima e atual Matriz do padroeiro dos
ximangos o tronco foi conservado.
Os mais antigos contam com firmeza que viram e até tocaram no tronco
encantado.
Com o passar dos anos, os ximangos decidiram que construiriam um novo
altar em cima do tronco, mais este ficaria sem poder ser visto, pois os anos
estavam fazendo o tronco apodrecer e para que ele não se espalhasse, ficaria
guardado dentro de um altar de concreto.
Desde aí o município progride muito devagar, mais o povo continua
fervoroso e tem grande respeito pela imagem, por isso quando levam o padroeiro
para um passeio, sabem que este passeio não pode ser muito demorado.
Dizem que o encanto será desfeito, quando as águas do Rio Surubiú,
chegarem aos batentes da igreja e tocarem por baixo, molhando as raízes do
tronco podre. Tudo será diferente.
E nascerá uma árvore viçosa e comprida, que chegará sua rama quase nas
nuvens.
Santo Antônio do alto observará todo o povo, e a cidade crescerá
rapidamente e terá seu progresso.
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