LENDA: "ALTER DO CHÃO"
A Vila de Alter do Chão em Santarém-Pa, conhecida
como: O Caribe amazônico tem sua fascinação e belezas naturais estão por todos
os lados.
Quando a vila era habitada pelos índios Boraris, em
uma linda noite de lua cheia comemorava-se o nascimento de uma cunhatã da
Tribo, ela menina branca como mandioca, tinha lindos olhos verdes musgos. O
Tuxaua veio visitá-la e todos que chegavam a oca traziam presentes para
filhinha do grande Cacique:
Sua mãe a perfumava com o cheiro do patchuli. A
menina cresceu e tornou-se uma linda índia guerreira. Brincava de bole-bole com
caroço de tucumã, corria com a curuminzada, era a alegria da taba.
O Deus Sol com seus raios fazia os cabelos da cuiã
brilharem.
A Deusa Jací, era amiga inseparável da indinha. E
sabia de todos os seus segredos. A Índia Borarí fazia de tudo para agradar a
todos. Quem visitava a casa do cacique sempre comia bejú de tapioca, bolinho de
milho, tucunaré assado, caldeirada de tambaqui, pirarucu e muitos outros.
Não havia quem não saísse satisfeito ao ver à linda
cunhã. Na taba, havia um lago de águas claras e brilhantes, onde a indinha
todos os dias com a ajuda do grande Deus sol, sentava-se a margens para ver seu
reflexo, até a grande mãe d’água a admirava.
A indinha passava grande parte do dia ali naquele
riozinho, às vezes quando o Deus Sol se despedia a grande Jaci chegava branca
como Maní para embelezar as noites a indiazinha ainda estava ali. O que a cunha poranga da taba não sabia, era
que seu cheiro atraia dois belos rapazes peixes, que moravam no fundo do
pequeno rio.
Os dois brigavam muito para disputar o amor da bela
índia.
A grande Jací deu o poder para que eles pudessem
conhecer pessoalmente a indiazinha, eles poderiam conversar com ela e admirá-la.
Sendo que os dois teriam que parar de brigar.
Tudo foi acertado, Jaci convenceu a amiga a conhecer os dois rapazes peixes. Os dois
fizeram uma disputa acirrada, para ver quem seria o primeiro homem a conhecer a
cunhazinha. O desafio era quem conseguisse saltar no rio mais vezes, seria o
primeiro a ter o privilégio.
Dado o sinal, eles começaram, a indinha pode ver
toda a disputa.
E para a surpresa empataram. Então grande Jací
autorizou que os dois se transformassem em corpo de gente. Como, ambos não
queriam dar o braço a torcer, foram os dois juntos.
A bela moça estava sentada a margem do pequeno
lago, e estava ansiosa para conhecer os rapazes do fundo.
Então colocou seus colares mais lindos, feitos com
sementes olho de boi e lagrima de Nossa Senhora, dente de onça e pena da garça
e jacurutu.
Ansiosa sorria para grande Jaci. Os rapazes
chegaram um de cada lado e de longe dava pra sentir um forte cheiro de peixe.
No encontro o primeiro rapaz aproximou-se e
encantou a indiazinha com seu olhar enfeitiçador, ele estava vestido com uma
camisa cor de rosa. O outro rapaz com seu belo sorriso fez a moça ficar
encantada. A menina sem dar qualquer palavra, só sorria.
Jací estava muito alegre por sua amiga.
Mas, os dois não se contiveram e romperam a
promessa feita com Jací. Começaram a disputar a bela jovem. No mesmo momento o
céu escureceu e um forte vento derrubou árvores e fez o riozinho ficar furioso.
Grande Jaci apavorou-se, pois o grande Tupã a chamou,
grande Lua foi levada pelas nuvens negras para conversar com Tupã. Jaci não
tinha autorização para tamanha façanha. Como saiu às pressas, não deu tempo nem
de desfazer o fato.
Na confusão a jovenzinha, caiu nas águas furiosas
do pequeno rio.
Como os dois continuavam a brigar, não viram a moça
cair e nem puderam salvá-la. Jaci, também não estava para defendê-la.
Quando a Lua voltou procurou a amiga, foi avisada
pela mãe d’água, Pequena cunhã estava morta e fora engolida pelas águas do rio.
Mãe d’água disse que não pode fazer nada também não estava no momento.
Os dois rapazes
desesperados pularam no rio e trouxeram o corpo da indiazinha. Toda a taba
parou, foi à noite mais triste dos indígenas Boraris.
A pedido do grande Deus Sol, a menina foi enterrada
as margens do rio.
Quando Jaci chegou não controlava o choro, as
lagrimas de Jaci, encheram ao redor do monte de areia onde a índia estava
enterrada.
O rio juntou-se as lagrimas e formou-se o grande rio
que banha a vila de Alter do Chão.
As águas tornaram-se verde e hoje todos chamam de
Lago Verde, para lembrar os olhos da bela cunhã. A areia que cobriu o corpo da
menina assemelhou-se com a cor da sua pele.
Assim, surgiu uma belíssima ilha na frente da Taba,
que hoje conhecemos como Ilha de Alter do Chão.
E a indiazinha está lá, parte submersa as águas no
fundo do Rio.
Os dois moços até hoje brigam, mesmo para guardar o
corpo da bela moça. Um rapaz boto protege a ilha (corpo da menina) de um lado e
outro do outro. Sempre eles se encontram, e fazem uma batalha terrível, quem
presenciou já viu. Quando o rapaz tucuxi encontra com o cor-de-rosa, a coisa
pega. Tem temporal na certa. Jaci já presenciou várias batalhas mais não diz
mais nada, não tem jeito mesmo!
(Flavio Monteles -2007)
Um comentário:
ALTER DO CHÃO
A Amazônia é o santuário da natureza
E um pedaço do céu de tanta beleza!
Para os anjos da guarda da sua defesa,
Alter do Chão é o altar dessa grandeza!
Autor: Sebastião Santos Silva da Bahia
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