CONTO: DESPEDIDA DO ANTONIO
Em meados do ano 2000 um marco de fé e religiosidade aconteceu naquela pequena cidade. Tristeza para o povo católico, a torre da imponente igreja matriz estava fissurada. O prédio na verdade precisava de alguns reparos e a solução não foi outra... Parte da torre da matriz havia de ser demolida, muito dispêndio era o que falavam os comunitários. Nunca mais iremos reconstruir diziam outros.
O povo não mediu esforços, quem tinha dava e quem não tinha dava também... Uma coisa boa de morar “em uma terra que ninguém conhece” é que todo mundo ajuda na hora que mais precisamos, falando bem ou mal.
Em pouco tempo, chegaram doações de dinheiro, areia, barro, cimento, tijolos, telhas. Foram feitas campanhas para arrecadação e fundos e brindes para bingos e rifas em prol da reforma.
Havia mão de obra onerosa e gratuita, o povo queria mesmo ver a maior e mais bonita arquitetura erguida novamente, como a perola rara do mais lindo brilhante colar.
A imagem do Antônio, saiu de sua casa e ficou uns dias pelas casas de terceiros que brigavam para instalá-lo. Passou uns dias no bairro da Luanda, Aningal, São Francisco, São Cristóvão, Planalto, e outros lares que nem lembro quais foram.
Tudo foi retirado, as mais belas flores, os mais lindos vasos, os tecidos mais dispendiosos e brilhantes, os mais ... Tudo encaixotado e guardado.
Em uma dessas arrumações a professora Maria José Batista, na época presidente da comunidade do Centro, chegou a sacristia com o olhar de preocupação em resolver aquela situação. Levantou o olhar e uma visão triste estava lá.
Um homem de costas para a porta mexendo entre as gavetas as mais lindas túnicas e amitos. Como se estivesse guardando suas roupas para uma longa viagem.
Emocionada a professora ficou paralisada e agraciada em ver aquela cena de despedida. Quem não chora em despedida. Sua vontade foi de imediato dizer algo, mas, não conseguia em meio tanta emoção. De repente tudo desapareceu, o homem com aspecto de padre desapareceu em segundos.
Era Fernando de Bulhões... Era o Antônio... era o padroeiro do povo católico ximango! Estava arrumando suas malas...
Em pouco tempo tudo estava resolvido, a casa estava arrumada e mais linda como nunca... E aí está a nossa igreja!
Como diz dona Mariinha lá da travessa 10 de Outubro:
_ “Foi mesmo foi?”
_Foi verdade sim! Não é a primeira vez que o Antônio sai e retorna a sua casa!
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