CASAS
Desde cedo soube da existência das casas,
Imaginava cores, quintais e quem habitava
Ouvi relatos de quem residia ou na frente passava
Imaginei formatos, cômodos, jardins...
Escutei que, nas casas... Todos entravam
Imaginei as casas 10, 18, 20,50 e até a 100
Tive pressa de chegar, para ver onde estavam!
Ensaiei minha reação ao encontrar com quem morava.
Falavam das casas, mas, alguns não entravam,
As portas abertas, mas, no caminho ficaram
Por algum motivo, escolha ou força maior, nem todos seguem por
completo.
A estrada parecia ser tão longa... Depois, descobri o
quanto é breve,
Muita gente acaba não seguindo, e só entram em poucas
casas.
Peguei na mão de “ficantes” e a saudade fortaleceu à
caminhada.
A ansiedade é um sentimento que as vezes atrapalha chegar
nas casas.
Imaginei coisas que nunca ocorreram,
Sonhos que jamais aconteceram,
Idealizações que jamais imaginei e sem avisar chegaram.
Alegrias
e desapontamentos fizeram parte da chegada nas casas
Para mim, chegar em algumas casas era apenas olhar pela
janela, e
Sentir a brisa nas calçadas vivendo um mudo imaginário que
só estava na minha cabeça.
Na verdade, sempre entrei nas casas cheio de muita
expectativa.
Mas, acompanhado de medo, sonhos e alegrias.
Realmente o caminho é curto demais apesar de parecer extenso
No caminho perdemos muito tempo querendo chegar nas casas.
E, acabamos não percebendo as cores das flores plantadas ao
seu redor.
Tropeçamos no caminho!
Já entrei na casa, de número 40, passei por várias outras
casas.
Do 1 ao 39 foram casas maravilhosas, conheci pessoas
espetaculares.
No caminho algumas vezes enfrentei temporal torrencial e
fui abrigado.
Amei e fui amado, sorri e fui correspondido.
Em algumas casas limparam minhas lágrimas.
Encontrei pessoas doentes do corpo que mesmo fracos me
fortaleceram.
Me deparei com janelas fechadas, e outras que foram batidas
na minha cara.
Me deparei com pessoas doentes da alma, pessoas que jamais imaginei
encontrar.
Tive pena... Não quero reencontro!
Mas, o caminho das casas me mostrou muita, ...muita, “gente
boa”!
Ouvi músicas que canto até hoje, letras e conselhos que
jamais serão perdidos.
Sons de algumas escapulas estão na minha memória, o
acústico é admirável.
Convivi, com personalidades que me fazem retornar às casas.
Nem que seja, para dar um abraço e tomar um café preto de
boas lembranças.
A melhor recordação que levamos do caminho das casas ...
São das pessoas queridas que somam na caminhada.
Sempre alegram, torcem fortalecendo nossa pegada.
O caminho é muito curto, não devemos desviá-lo e precisamos
seguir com cautela.
Ouvir quem já caminhou é essencial, ter medo de ultrapassar
também...
E, estou aqui, na casa 40, esperando chegadas em outras
casas.
Aos peregrinos, digo: Sigam com responsabilidade, sem se
importar,
Sejam felizes sempre!
As casas nos acolhem, precisamos de um lugar para dormir,
acordar e nos guardar e
Tudo depende dos nossos sonhos, escolhas, e de pessoas boas
ao nosso lado.
Flávio Monteles – (fevereiro 2022).
https://www.youtube.com/watch?v=Wm2e7y-_HS4