SURUBIÚ DE MISTERIOS
SURUBIÚ DE MISTERIOS
SURUBIÚ DE MISTERIOS
LIMOEIRO QUAL O SEGREDO DO BENÉ?
: Sou confidente / não alenquerense / nenhum segredo / vou Revelar / e Olha aqui seu curioso / só uma Coisa eu vou falar :/ bisbilhoteiro, aqui em baixo / Ele falou / Não E pra Ficar / vê se ágora / Você se manda! / E o Que eu guardo não vou falar / só te garanto a coisa é boa / Não conto mesmo, nem se secar.
HINO À MONTE ALEGRE - PARÁ
HINO DE MONTE ALEGRE - PA
LETRA: ACYLINO D'ALMEIDA LINS MÚSICA: WILSON DIAS FONSECA CONFORME LEI
MUNICIPAL 1.647 DE 05 DE MAIO DE 1977.
Monte Alegre feliz e altaneiro
De montanhas e prados sem fim,
És pedaço do chão brasileiro
És sublime e encantado jardim.
Em teus lagos, rios e florestas
Onde os filhos com passo seguro,
Em perene alegria de festas,
Arquitetam teu grande futuro.
Teu clima suave e ameno,
Teus imensos horizontes
Fazem de ti um encanto,
Sob o céu sempre sereno.
As belas canções das tuas fontes
Afastam a dor e o pranto
Pecuária e lavoura em boa terra,
Águas ricas de farto pescado,
Mais as fontes que o solo encerra,
São presentes que vem do passado.
Saberemos levar-te pra frente.
Monte Alegre, com força viril,
Confirmando o valor de tua gente
Que te quer integrado ao Brasil.
Teu clima suave e ameno,
Teus imensos horizontes
Fazem de ti um encanto,
Sob o céu sempre sereno.
As belas canções das tuas fontes
Afastam a dor e o pranto
PERSONALIDADES TIPICAS QUE JÁ FIZERAM NOSSA FESTA (SANTO ANTONIO DE ALENQUER - PA)
APOCALIPSE AMAZONICO
APOCALIPSE AMAZÔNICO
No início da criação do mundo, disse DEUS:
_ Surja à luz!
E a luz surgiu.
_ Faça-se o firmamento!
E assim aconteceu.
_ Surja à água, e assim foi feito.
_ Vou criar um lugar, com biodiversidade e se chamará AMAZÔNIA!
Lá terá de tudo o melhor: animais de todas as espécies: os que voem, se rastejem, corram, pulem, nadem e..... As frutas serão mais deliciosas, o ar será mais puro, porque será o lugar com mais árvores do planeta.
-Nele correrá o maior rio do mundo em extensão de água doce. Ele se chamará AMAZONAS, porque simbolizará o amor e será o sinônimo da vida na terra.
E assim aconteceu.
Tudo era bonito, afinal estava pronto o paraíso!
Após alguns dias. Falou Deus:
_ Está faltando algo?
Pensou, pensou e disse:
_ Já sei, vou criar outro ser, ele vai ter “inteligência”, vai ser a minha imagem e semelhança e se chamará Homem. E todos os outros seres serão submissos a ele.
O Homem tinha tudo, por isso começou logo desobedecendo às ordens do criador, e dai em diante sempre foi fazendo coisas erradas, a inteligência que o Pai lhe deu, nunca quis saber de usar.
Passaram-se os tempos, na face da terra já havia bastantes homens e eles juntos pensaram:
_ Tem muita árvore! Vamos derrubar.
E para as toras cortadas eles chamaram de madeira, tiraram muitas árvores sem se importar.
Com tamanha inteligência o homem criou o terçado, a foice, o machado, a serra, o serrote e o moto- serra.
Mais ainda achava pouco então pensava.
_Como poderei derrubar mais árvores?
Foi então que surgiu a ideia:
_ Já sei o que farei pra ganhar mais dinheiro e derrubar árvores em menos tempo.
Então o homem criou o trator.
_Um arrancava arvores em segundos, outros carregavam os troncos, e outro...
O tempo foi grande, afinal DEUS, tinha deixado muita árvore, mais tudo se acabou. Alguns homens não se importaram com conselhos de outros homens.
Hoje até as folhas o vento levou, não tivemos nem a chance de trazê-las de volta, porque o fogo as queimou.
Os peixes e outros animais da água no meio da poluição morreram ao disputaram seus lugares com barcos e navios que transportavam as madeiras e jogavam sacolas, garrafas, copos e pratos descartáveis e óleo no rio.
Depois o rio secou.
A chuva também parou. E os poços secaram.
Agora o que restou? Somente este deserto? Aquelas milhares de árvores parecem que saíram correndo!
Foi lixo, apenas isso! Não tem planta, não tem bicho, antes de ontem morar aqui era vantajoso ontem ficou perigoso, hoje é impossível não tem água nem comida e fede como ferida infeccionada.
Ainda encontramos carniças deixadas pelos urubus que morreram de sede e muitos ossos espalhados dos homens.
O sol está mais próximo vejo carnes grelhadas, dentro desta bola de fogo a quentura é imensa.
Não tem choro, as lagrimas não existem porque não existem olhos, sinto que a cada momento fico menor, estou derretendo e exalo uma fumaça negra e fedida.
A todo o momento só explode.
São bombas, gases e carros, são as lembranças do homem foi ele quem deixou, foi ele quem os criou.
Coitado não conseguiu ficar para ver o fim de tudo, o último ser que foi criado por DEUS e foi o primeiro que se acabou.
Mais o criador sabia e antes de tudo ainda disse:
_ “Eu não destruirei o mundo, fiz para o homem tomar de conta e amá-lo, da destruição o homem infelizmente irá se encarregar.”
Hoje, tudo é deserto, no entulho me aperto, esperando o passar do tempo e no meio da imensidão tudo é escuridão.
Leia enquanto pode porque futuramente não vai restar nem essa letra, pois até a lua ficou preta.
_ Marciano cuidado! Alerta! Perigo!
_ Tô aqui embaixo, sou um copo descartável, no meio de pneus, garrafas, sacolas, vidros. Estávamos num rio que há muito sumiu.
VAMOS CUIDAR DO NOSSO PLANETA ENQUANTO A TEMPO!
LENDA DE PRAINHA: "A MENINA DAS FLORES"
A MENINA DAS FLORES
Em outrora muito distante, aportou no
povoado pouco habitado alguns desconhecidos. Precisavam de alimento na
embarcação, por isso, resolveram desembarcar ali mesmo. Como não sabiam onde
estavam saíram a caminhar e encontraram correndo entre as veredas uma menina
levando um grande e colorido ramalhete.
Logo perguntaram:
_Qual o nome fazer lugar linda menina da
flor?
A simpática criança murmurou não entendendo
o que tinham perguntado:
_ E para quem de você vai levar essas
flores?
E sem parar para conversa disse aos brados
"pra Inha" .... (Que quer dizer "pra alguém")
Por isso a pequena cidade Prainha ficou conhecida pelo belo nome de
PRAINHA.
"OS CONTADORES DE AREIA, ESPOCA BODES E PINTA CUIAS"
"OS CONTADORES DE AREIA, ESPOCA BODES E PINTA CUIAS"
Na época da colonização da Amazônia, mais o menos quando o mestre
Francisco Orelana, baixou o famoso Rio Amazonas em busca de conquistar e
limitar nossas matas. Chegaram às missões franciscanas para dizimar as tribos
que residiam às margens do rio mar.
Passaram em Monte Alegre – PA, e encontraram as
famosas cuieiras que estavam carregadas de robustas cuias. A arte fazia parte
do povo, as belas cuias pintadas eram doadas aos visitantes, da arte em cuia
eram feitas, baldes, bilhas, potes, pratos, coiós e muitos outros utensílios. E
assim, surgiram os pinta cuias.
Ao aportarem em Óbidos, houve uma grande festa,
estava chegando o gado bovino que os portugueses estavam trazendo para crescer
e se multiplicar no estado paraense. No imenso banquete serviram carne assada
do boi, a carne foi assada em uma imensa fogueira, cantos e rituais foram
feitos em homenagem. A satisfação era tanta que não restaram nem os ossos, que
foram todos chupados. Assim, surgiu os chupa ossos.
Ao ancorarem em Oriximiná - PA, amarraram um “bode”
próximo a um jirau, como a corda que estava ao pescoço do animal, era grande
ele se aproximou de uma bacia feita de barro cheia de puba de mandioca, que
seria usada para fazer a nossa sagrada farinha do dia-dia. O bode não contou conversa,
come, comeu, comeu tanto até que:
_Bum.....
Espocou de tanto comer. E dessa forma, apareceu o
termo espoca bodes.
Chegando a Prainha – PA, se impressionaram com as
belas esculturas feitas com areia.
Como os prainhenses já tinham esculpido tudo o que conheciam, resolveram
fazer uma competição junto com os jesuítas, a disputa era contar areia, a
figura que estivesse mais linda e tivesse mais areia ganharia a competição. O
povo fala que esta contagem passou de geração para geração, pois até hoje se
pode encontrar alguém sempre sentado, “contando areia”!
LENDA SANTARENA: " A PRAGA DO BOTO"
A presença do boto nas cidades e regiões
ribeirinhas da Amazônia é sempre frequente.
A cada lugar, as estórias do boto são contadas de
forma mais fascinantes. O homem sedutor, quando ouve barulho de festa logo sai
do fundo das águas, para seduzir mais uma vítima.
Quando o arrasta-pé começa, o povo já espera, pois
na certa o boto vem. Moça no ciclo fértil o bicho também conhece de longe, pois
quando tomam banho à beira dos rios, já desapareceram. Os idosos, afirmam que
as moças são levadas pelo homem peixe e existem fatos de que mulher que passeia
em canoa, o boto sente logo o cheiro do sangue, o risco é na certa, o bicho
vira a canoa, e com força faz a embarcação se levantar, seus baques fortes e
estridentes fazem o terror. O bicho só se aquieta quando leva a vítima para o
fundo das águas.
Em certa cidade do oeste do Pará, o bicho escutou
barulho de música, saiu das águas, e gerando no corpo de gente calçou seus
belos sapatos brilhosos camuflados com escamas de acari, seu chapéu palha e
roupas brancas. Chegando à festa, seu olhar de imediato, de fora da sede, foi
em certo a uma cabocla, de belos cabelos longos, com olhar e sorriso
encantador.
Como a moça era filha de família muito reservada,
estava acompanhada sempre por seus pais, que não a deixavam só em nenhum
instante. O homem peixe se aproximou do povo e aproveitando a boa hospitalidade
procurou saber sobre a bela menina. Para atrair a atenção da vítima, exibia-se
dançando com outras moças, o homem enfeitiçador foi à atração da festa,
sapateava com classe o galanteador. A moça de vez em quando dava um sorriso, às
escondidas, dizendo dando a perceber que estava disposta a conhecer o rapaz
desconhecido. O boto circulava dançando no salão, e com cuidado dava o seu
jeito para pelo menos pegar na mão da pobre menina.
Como, não conseguia chegar mais próximo da vigiada
menina, de vez em quando tomava bebida alcoólica para se encher de mais coragem
e agir também como os demais que estavam na festa. A todo o momento, vinha
alguém e lhe oferecia um copo de cachaça, o bicho sem perceber que estava
ficando bêbado, tomava todas as doses que eram oferecidas.
A moça foi dançar com seu pai, e fez sinal que
queria falar com o desconhecido. O moço saiu para esperá-la fora da danceteria,
na parte de trás perto do mato. A moça pediu ao pai para ir ao banheiro. O pai
sempre desconfiado pediu para que uma amiga da menina confiável lhe que lhe
acompanha-se. A moça entrou e saiu do banheiro num só piscar de olhos para o
encontro, a amiga enfeitiçada com a praga do boto, estava distraída e parecia
estar paralisada, desfalecida. Correndo aos braços do homem peixe, a moça foi
logo beijada, o feitiço estava feito. Seduzida, estava sendo levada para longe,
talvez para dentro do lago.
Felizmente o pai, percebeu a demora da menina e
resolveu procurá-la, no banheiro encontrou somente a amiga da filha que estava
delirando. Por onde o homem boto passava, deixava no ar um cheiro de peixe, que
as mulheres não sentiam, pois para elas o fedor pitiú era transformado
em aroma de patchuli, mas os homens não eram enganados. O pai da
menina desconfiado fez logo alarme, gritando que o boto havia levado sua filha.
No mesmo instante, todos correram e seguiram o
cheiro deixado pelo bicho. Não muito longe viram que rumo ao rio um homem
levando nos braços uma moça despida. Como o bicho estava bêbado, não conseguia
correr.
Os curiosos e revoltados se aproximavam, e o
bicho-homem na agonia caiu, desesperado deixou a pobre menina e saiu dando
cambalhotas no chão.
Completamente alcoolizado, caiu várias vezes,
durante o percurso. O povo, cada vez mais se aproximava e armados com galhos de
pau e cacetes tentavam alcançá-lo para vingarem consequentes sumiços de moças
da redondeza.
O pai da última vítima, puxou com ira a camisa do
boto com a ponta dos dedos, a queda do bicho foi inevitável, em busca da
sobrevivência, levantou-se rapidamente com o intuito de pular no rio, pois
estava a apenas um metro de distância.
O bicho teria conseguido se não fosse um cacete que
jogado por um popular, lhe atingiu a nuca. Quando caiu foi logo atingido por
várias outras cacetadas por toda a parte do corpo.
A metade do bicho, que ficou dentro d’água, se
transformou na mesma hora em peixe.
A fera sedutora foi morta e completamente
esquartejada. A parte homem foi de imediato jogado para as piranhas devorarem e
a parte peixe jogada aos urubus sendo muito bem aproveitada.
A moça até hoje vive como se estivesse adormecida. Mas,
o que os populares não esperavam aconteceu.
Como o peixe era reconhecido pela sua raça como se
fosse o príncipe dos rios, os outros botos vieram a sua procura, ao chegarem
próximo a margem do rio, sentiram logo cheiro de morte.
Quando os botos constataram que o príncipe das
águas estava morto o desespero foi muito grande. Os bichos passavam em cardumes
pelo rio e com forte assovio, não deixavam nenhum morador ribeirinho dormir. A
praga estava sendo feita, pois se o bicho peixe fosse morto por mãos humanas,
pagariam pelo fato. E o feitiço se cumpriu.
A partir daí, se estendeu uma grande fome na
localidade. Pescador saia de casa para pescar, mas não trazia nada. As frutas
não vingavam nas árvores e caiam pecas por toda região.
Os botos se juntavam e choravam muito a morte do
príncipe. A praga durou sete anos e sete dias, agora aos poucos tudo está
voltando ao normal, o povo comenta que já foi eleito o novo príncipe dos rios.
Somente quem não se livrará do feitiço será a pobre
moça, nunca poderá casar-se, pois não sente atração por mais nenhum homem, seus
pequenos relacionamentos nunca darão certo.
Todos os anos no mesmo dia em que se realizou o
fato, os botos de todo o rio Amazonas se reúnem em frente onde o príncipe foi
morto e assoviam sem parar. Ainda hoje, os bichos sentem a falta do
companheiro.
LENDA SANTARENA: "ALTER DO CHÃO"
LENDA: "ALTER DO CHÃO"
A Vila de Alter do Chão em Santarém-Pa, conhecida
como: O Caribe amazônico tem sua fascinação e belezas naturais estão por todos
os lados.
Quando a vila era habitada pelos índios Boraris, em
uma linda noite de lua cheia comemorava-se o nascimento de uma cunhatã da
Tribo, ela menina branca como mandioca, tinha lindos olhos verdes musgos. O
Tuxaua veio visitá-la e todos que chegavam a oca traziam presentes para
filhinha do grande Cacique:
Sua mãe a perfumava com o cheiro do patchuli. A
menina cresceu e tornou-se uma linda índia guerreira. Brincava de bole-bole com
caroço de tucumã, corria com a curuminzada, era a alegria da taba.
O Deus Sol com seus raios fazia os cabelos da cuiã
brilharem.
A Deusa Jací, era amiga inseparável da indinha. E
sabia de todos os seus segredos. A Índia Borarí fazia de tudo para agradar a
todos. Quem visitava a casa do cacique sempre comia bejú de tapioca, bolinho de
milho, tucunaré assado, caldeirada de tambaqui, pirarucu e muitos outros.
Não havia quem não saísse satisfeito ao ver à linda
cunhã. Na taba, havia um lago de águas claras e brilhantes, onde a indinha
todos os dias com a ajuda do grande Deus sol, sentava-se a margens para ver seu
reflexo, até a grande mãe d’água a admirava.
A indinha passava grande parte do dia ali naquele
riozinho, às vezes quando o Deus Sol se despedia a grande Jaci chegava branca
como Maní para embelezar as noites a indiazinha ainda estava ali. O que a cunha poranga da taba não sabia, era
que seu cheiro atraia dois belos rapazes peixes, que moravam no fundo do
pequeno rio.
Os dois brigavam muito para disputar o amor da bela
índia.
A grande Jací deu o poder para que eles pudessem
conhecer pessoalmente a indiazinha, eles poderiam conversar com ela e admirá-la.
Sendo que os dois teriam que parar de brigar.
Tudo foi acertado, Jaci convenceu a amiga a conhecer os dois rapazes peixes. Os dois
fizeram uma disputa acirrada, para ver quem seria o primeiro homem a conhecer a
cunhazinha. O desafio era quem conseguisse saltar no rio mais vezes, seria o
primeiro a ter o privilégio.
Dado o sinal, eles começaram, a indinha pode ver
toda a disputa.
E para a surpresa empataram. Então grande Jací
autorizou que os dois se transformassem em corpo de gente. Como, ambos não
queriam dar o braço a torcer, foram os dois juntos.
A bela moça estava sentada a margem do pequeno
lago, e estava ansiosa para conhecer os rapazes do fundo.
Então colocou seus colares mais lindos, feitos com
sementes olho de boi e lagrima de Nossa Senhora, dente de onça e pena da garça
e jacurutu.
Ansiosa sorria para grande Jaci. Os rapazes
chegaram um de cada lado e de longe dava pra sentir um forte cheiro de peixe.
No encontro o primeiro rapaz aproximou-se e
encantou a indiazinha com seu olhar enfeitiçador, ele estava vestido com uma
camisa cor de rosa. O outro rapaz com seu belo sorriso fez a moça ficar
encantada. A menina sem dar qualquer palavra, só sorria.
Jací estava muito alegre por sua amiga.
Mas, os dois não se contiveram e romperam a
promessa feita com Jací. Começaram a disputar a bela jovem. No mesmo momento o
céu escureceu e um forte vento derrubou árvores e fez o riozinho ficar furioso.
Grande Jaci apavorou-se, pois o grande Tupã a chamou,
grande Lua foi levada pelas nuvens negras para conversar com Tupã. Jaci não
tinha autorização para tamanha façanha. Como saiu às pressas, não deu tempo nem
de desfazer o fato.
Na confusão a jovenzinha, caiu nas águas furiosas
do pequeno rio.
Como os dois continuavam a brigar, não viram a moça
cair e nem puderam salvá-la. Jaci, também não estava para defendê-la.
Quando a Lua voltou procurou a amiga, foi avisada
pela mãe d’água, Pequena cunhã estava morta e fora engolida pelas águas do rio.
Mãe d’água disse que não pode fazer nada também não estava no momento.
Os dois rapazes
desesperados pularam no rio e trouxeram o corpo da indiazinha. Toda a taba
parou, foi à noite mais triste dos indígenas Boraris.
A pedido do grande Deus Sol, a menina foi enterrada
as margens do rio.
Quando Jaci chegou não controlava o choro, as
lagrimas de Jaci, encheram ao redor do monte de areia onde a índia estava
enterrada.
O rio juntou-se as lagrimas e formou-se o grande rio
que banha a vila de Alter do Chão.
As águas tornaram-se verde e hoje todos chamam de
Lago Verde, para lembrar os olhos da bela cunhã. A areia que cobriu o corpo da
menina assemelhou-se com a cor da sua pele.
Assim, surgiu uma belíssima ilha na frente da Taba,
que hoje conhecemos como Ilha de Alter do Chão.
E a indiazinha está lá, parte submersa as águas no
fundo do Rio.
Os dois moços até hoje brigam, mesmo para guardar o
corpo da bela moça. Um rapaz boto protege a ilha (corpo da menina) de um lado e
outro do outro. Sempre eles se encontram, e fazem uma batalha terrível, quem
presenciou já viu. Quando o rapaz tucuxi encontra com o cor-de-rosa, a coisa
pega. Tem temporal na certa. Jaci já presenciou várias batalhas mais não diz
mais nada, não tem jeito mesmo!
(Flavio Monteles -2007)
LENDA SANTARENA: "O ENCONTRO DAS ÁGUAS"
LENDA: O ENCONTRO DAS ÁGUAS.
A abençoada terra santarena, cheia de belezas naturais, encanta a quem nela pisa.
Santarém, a cidade disputada por dois belos rios que a banham, e que fazem o cenário amazônico ser ainda mais belo.
O encontro das águas, fascinante para aos olhos de que vê, é a imagem que até a mãe natureza se impressiona.
Desde séculos, o amor da bela mocoronga Santarém- PA, vem sendo disputada por dois belos rapazes que lutam terrivelmente para banhá-la e senti-la nos braços.
Santarém, que é uma moça de família, deita-se em sua cadeira de balanço, e com seu leque confeccionado de Tururi, expõe seu decote feito de areia cristal. Tapajós, o menino dos olhos azuis, não quer que nenhum outro homem se aproxime de sua dama. Amazonas, o outro apaixonado, todos os dias briga com seu rival, inimigo de morte.
A bela, Santarém ama muito os dois, queria que eles se entendessem, pois em seu coração tem espaço para os dois caboclos. Quando os dois meninos partem para o ringue, a situação se torna violenta. Pescador é jogado para fora da canoa, o vento feito pelas braçadas dos dois faz à saia feita de areia que veste a menina voar longe.
Na disputa pela moça os dois incansavelmente se ofendem:
_ Eu caboclo moreno, combino, mas com minha sinhá. Saia da frente seu riozinho de meia tigela.
Veja só! Eu um riozinho..., mas sou eu quem estende e beija a mão da bela moça todos os dias. Você... Coitado fica só de longe nos observando.
Muitas vezes o grande Amazonas se enfurece, e tenta atacar o Tapajós, meio a um forte vento, quase todos os dias os dois meninos se misturam, e em uma cor tipo café com leite enfeitam ainda mais a manhã santarena.
Quando os meninos se acalmam são beijados e entram em um acordo proposto pela menina Pérola, tudo se envolve na beleza das serenatas e piracaias feitas pelos mocorongos.
Mas, lá um dia eles se lembram e tudo começa de novo:
_ O que você quer aqui, seu amarelão, deixe a minha pérola em paz.
_ Saia você da frente, não vê que você está atrapalhando o nosso romance?
_ Deixe disso, rapaz! A onde já se viu a minha menina trocar-me por você.
_ Eu sou mais forte, tenho mais poder para protegê-la, sou o maior rio em volume de água doce do mundo, ouviu bem “do mundo”. Já você é um tremendo de um fracote.
_ Eu posso não ser tão grande quanto você, mas a admiro de um lado a outro, e você, só se estica para longe porque é um tremendo galanteador isso sim!
_ Eu, galanteador? Ora mais, quem você pensa que é seu, seu,...
_Eu, sou o rapaz mais bonito da Amazônia, olhos cor de anil e amado pela bela princesa mocoronga. Já você?
_ Eu? O que tem?
_ Você. Bom pra começar você é um viajantizinho amarelado, que tenta enfeitiçar a minha menina.
_ Mas como se atreve?
_ Maninho? Todos nós sabemos! Pensa que não?
_ Do que você está falando?
_ Sabemos que você vem lá da banda dos Andes do Peru, amigo! E usa vários nomes falsos, isso sim!
_ Quem você pensa que é para falar assim comigo?
_ Eu sou o Tapajós. Já você, nem sei direito, tive conhecimento que lá no Peru te chamam de Solimões, em tal lugar te chamam de fulano em outro de sicrano em outro de beltrano, quem é você afinal seu namorador?
_ Deixe-me viver o amor com a minha bela princesa! A cada cidade que você passa você enfeitiça uma menina diferente.
_ Amigo quem for fraco que se quebre! Eu não deixarei a bela moça, neste cenário sou AMAZÔNAS e amo minha SANTA SANTARÈM.
_ A cada cidade que passo, deixo minha marca e amo minhas meninas, e o nome que tenho são dados por elas mesmas a cada cenário de paixão em que vivemos.
_ Assim os dois rapagões, amanhecem e adormecem embelezando o lugar onde passam e banham.
Flavio Monteles -2006
LENDA BELTERRA: "ARAMANAÍ"
ARAMANAÍ: É um belo lugar do município de Belterra- PA.
O lugar é muito conhecido, por ter
belas praias e a presença das iaras que encantam pescadores e visitantes.
O povo é bastante recepcionista. Quem
visita sempre volta, mesmo que seja pelo encanto das sereias que se deitam nas
branquíssimas areias das praias.
Festas e cantos são o que não faltam no
lugar. O povo de Aramanaí conta que, duas belas irmãs teriam vindo para
conhecer o lugar de lindas areias. E neste dia, estava acontecendo uma
animadíssima festa. Todos comiam piracaia e tomavam vinho, sucos e tudo mais.
Até que no melhor da festa.
Uma das moças, um pouco tímida, trançou
as pernas, tremeu os ombros ao ficar arrepiada dos pés à cabeça. Aflita,
assustou com uma forte e escondida cotovelada a irmã:
_O que foi menina?
_Ficou maluca?
O que tu queres? Disse a irmã.
A pobre não conseguia nem andar. Estava
com as pernas e braços trançados de tanta vergonha.
E disse em voz baixa ao ouvido da
outra:
_Quero mijaaar!
_Ora, vá ao mato!
_Tenho medo!
_Vou com você!
As duas seguiram e não muito longe onde
avistavam ainda todo o povo se divertindo e pararam.
Após tanto sacrifício, por que por ali
não havia banheiros e nem residências próximas, a tímida menina perguntou?
_ E agora onde faço?
E a outra com ansiedade em voltar pra
zorra, não hesitou em responder:
_ORA MANA, AÍ!!!
Como o lugar não tinha nome a partir
deste dia ficou conhecido por ARAMANAÍ.
Flavio Monteles -2005
LENDA DE ALMEIRIM: "O PALHAÇO SEM CABEÇA"
Lenda: O PALHAÇO SEM CABEÇA
O circo chegou crianças correm pela
rua, seguindo o carro com trapezistas, animais, bailarinos, mulher barbada e
muitas outras.
Na perna-de-pau quem vem junto à
molecada é o palhaço, sempre risonho com seu nariz de bola vermelho alegra com
altas gargalhadas junto à caravana do circo, e jogando balas, balões e
ingressos para a primeira apresentação em Almeirim faz a meninada se alvoroçar.
O circo estava sendo montado em uma
área livre próximo onde funcionava pista do aeroporto da cidade. Alegria toma
conta do povo, todos ansiosos, se preparam para o grande espetáculo, e correm
junto aos artistas que convidavam com muito barulho e música que eram ouvidos
pelos quatro cantos da cidade.
Quando se aproximavam do lugar onde o
grande empanado de artes estava montado escutam um roído diferente, que cada
vez ficava mais próximo, mais em meio à alegria, ninguém deu tanta importância,
e continuaram a agitação.
O palhaço do alto somente olhava para
baixo, par não machucar ou cair em meio à criançada que o rodeava. De repente,
todos ficaram respingados com uma tinta avermelhada, e na euforia gritavam
emocionados achando que o perna-de-pau estava jogando algo lá do alto, quando
de repente cai no meio do povo uma cabeça.
A gritaria foi geral:
_ êêêêêêêêêêê !
Achavam que era uma bola que o animado
palhaço jogara lá do alto. Com suas longas pernas com mais de três metros de
altura, e seu babador colorido que o vento balançava e cobria o pescoço, não
puderam perceber de imediato que um avião preparando para o pouso deu em cheio
com as asas na cabeça do pobre palhaço e decepou-a.
Como em imagem de câmera lenta o homem
animador cai do alto das suas pernas gigantes.
O povo silenciou num instante, a festa
estava encerrada, nada pode ser feito, o povo num segundo triplicou e rodeavam
o corpo do animador do circo. Em menos de uma hora a rua estava toda salpicada
de vermelho, o povo já estava guardado em suas residências, o comentário da
catástrofe e a tristeza na cidade, era geral.
O circo se arrumou, não tinham alegria,
pelo menos por um bom período suspenderiam os espectáculo, pela cruel morte do
animador.
No outro dia, após o enterro do
palhaço, a Caravana se despede do povo, e o espectáculo, mais esperado não
aconteceu.
Mais, após algum tempo depois, o povo
ficou sabendo que apesar da morte do alegre palhaço, alguma coisa do animado
circo ficou em Almeirim.
Hoje quem passa pela antiga pista, já
desativada, sempre ouve longas gargalhadas, dizem ser do alegre palhaço, que
gostou tanto da terra que sempre aparece por lá.
Quem mora próximo ao lugar onde se
sucedeu o fato, escuta sempre pelas madrugadas o ruído da perna de pau passando
pela rua, pela manhã é comum encontrarem balas coloridas e chicletes jogados no
chão, dizem que é o palhaço que ainda hoje joga para o povo não ficar triste.
(Esta lenda foi contada pelo meu amigo almeirinense Fábio Tenório em
2005)
Flavio Monteles -2005
LENDA DE MONTE ALEGRE: " A CURVA ASSOMBRADA"
LENDA: A
CURVA ASSOMBRADA
Na comunidade Limão, zona rural de
Monte Alegre - Pa, tem uma vicinal assombrada.
Na estrada tem uma curva é um lugar
rodeado da palmeira babaçu. Todos os que passam pelo lugar ficam impressionados
com um fato novo e diferente que acontece.
• O foco da lanterna – À noite, quem
anda pela estrada seguindo a direção da curva, logo enxerga um foco de uma
lanterna como se alguém a segurasse, e o foco some na escuridão. Quando alguém
chama para saber quem está levando a lanterna ninguém responde, mas na manhã
seguinte são inúmeras pegadas de pés descalços que aparecem na areia.
• O choro do bebê - Quem passa pela
curva, sempre escuta em tom baixo choro de bebê, quando a pessoa não dá
confiança, o choro vai ficando mais forte, mais alto, logo quem passa volta
para ver onde está ou se existe mesmo o bebê chorando.
Para a surpresa, não existe nada dentro
do mato, quando a pessoa se afasta ele começa a chorar novamente.
• Pessoa parecida – Ao dobrar a curva
de repente as pessoas enxergam alguém da família ou amigos que não veem há
muito tempo, quando chamam pelo nome da pessoa ela não olha para trás e anda
cada vez mais rápido, quem tentar acompanhar não consegue e a misura some no rumo dos babaçuzeiros.
• A manada– Os alunos caminhavam rumo à
escola quando de repente, escutaram pisadas de um imenso rebanho de gado, o
mato próximo mexia-se como estivesse baixando um helicóptero, as árvores
balançavam como que estivesse iniciando um fortíssimo temporal.
Como a estrada é única, com muita
pressa os alunos correram e se penduraram nos galhos das árvores, para que o
rebanho devastador passasse. De perto o grito berrante de um vaqueiro ecoou, os
bois mungiram cada vez mais perto, o som dos berros e as batidas das patas no
chão da estrada davam a impressão de que eram mais de mil cabeças de gado.
Os alunos ficaram no topo de árvores,
por aproximadamente quatro horas, e na pressa em subir nos galhos, ficaram
sujos e arranhados entre os galhos, fora os espinhos de outras árvores que
ficaram espetados em algumas partes do corpo das crianças.
O tempo passou, o susto continuou os
galhos onde as crianças estavam tremia com o choque da manada.
Para a surpresa das crianças, o grito
do vaqueiro sumiu e o ambiente se transformou em um lugar calmo como se nada
houvesse acontecido ou o gado estivesse parado, não se ouvia nem mesmo o berro
de um bezerro.
As crianças desceram, e devagar um
atrás do outro foram olhar na curva. O mato estava remexido, galhos de plantas
e árvores estavam puxados, o chão da estrada estava esburacado, mais por ali
naquela tarde, a beira da estrada onde os garotos estavam na árvore não passou
nada que pudesse ser visto a olho nu.
(Lenda produzida a
partir das narrações da Pinta cuia Leide Matias)
Flavio Monteles -
2008